Escuro Claro

Os domínios do mundo estão desaparecendo. O que fazer quando todos sumirem?

Os domínios de internet estão se esgotando. Dificilmente você consegue encontrar o nome pequeno para algum negócio que o domínio ainda esteja disponível. E o que aconteceria se eles terminassem?

A nossa língua possui um número finito de palavras e a medida que o uso da internet avança os domínios “.com” do mundo se esgotam. O resultado é que os nomes das marcas estão se tornando mais do que um termo único e elegante. Elas requerem conhecimento de direitos de propriedade intelectual e muita sorte.

Mesmo marcas globais encontraram desafios para garantir seus domínios preferidos. O Google recentemente nomeou sua empresa matriz Alfabeto do inglês “Alphabet”, mas não conseguiu a propriedade do domínio alphabet.com que pertence a BMW. Da mesma forma em 2014, a Microsoft gastou US $ 2,5 bilhões para adquirir a Mojang, empresa sueca criadora do Minecraft, mas não adquiriu o domínio minecraft.com – que pertence a uma empresa australiana, a MineCraft Consulting.

Casos famosos como o da Apple que gastou não menos que 16 anos para adquirir a apple.co.uk de uma empresa britânica chamada Apple Illustrations e o da Nissan, que gastou mais de 20 anos tentando adquirir nissan.com de um homem chamado Uzi Nissan.

As siglas (acrônimos) são ainda mais complicados. Organizações governamentais como FBI.com, CIA.com, NSA.com e Mi6.com são de propriedade de particulares. ABBA.com não pertence a banda sueca, mas é um acrônimo para a American Bed and Breakfast Association; DND.com não pertence a Dungeons and Dragons; e MOFO.com é realmente seguro de se ver no trabalho, pois é de propriedade de um escritório de advocacia.

É de quem registrar primeiro

Então, por que as grandes empresas não conseguem seus domínios mesmo quando suas marcas estão sob as leis de direitos de propriedade? Porque a maioria dos registros de domínio operam em uma simples regra: o primeiro a registrar é dono. Embora este modelo seja o mais justo para atender uma ampla comunidade, ele tem suas desvantagens.

Vejamos o exemplo da Tesla. Todo o mundo conhece a empresa do Elon Musk, mas nem todo mundo sabe que a empresa foi nomeada em homenagem a Nikola Tesla, o renomado inventor sérvio. Nesse caso Tesla não é uma palavra criada para uma marca – como Jacuzzi ou Jeep – e é provável que seja adotada por outras empresas que compartilhem a mesma apreciação pelo inventor. Por exemplo a TESLA MR Scanning opera com a tesla.dk (Dinamarca), a Tesla Tecnologia e Comunicação possui tesla.com.br (Brasil) e a Tesla CRM Software GmbH possui Tesla.de (Alemanha). Em teoria, todos esses proprietários possuem tanto direito sobre o nome Tesla quanto os outros.

ABBA.com não é o grupo sueco e a DND.com não é de propriedade de Dungeons and Dragons.

Algumas marcas conseguiram adquirir seus domínios através de acordos de capital próprio ou de ações, como o Uber, que concordou em trocar 2% das ações da empresa com a Universal Music em troca do domínio uber.com (2% da uber em troca de R$40, uau!), ou Slack, que pagou US $ 60.000 pelo domínio slack.com. Outros optarão por métodos menos amigáveis, como processo de resolução de disputas uniformes (UDRP).

Os domínios são uma parte crítica da estratégia de uma empresa, por isso é fundamental lutar por eles: não somente são a vitrine online de uma marca, mas também desempenham um papel crucial em oferecer informações, produtos e serviços além de garantir o tão desejado tráfego relevante, já que ford.com é o primeiro termo buscado quando procuramos pela Ford Online.

Muitas das maiores empresas de hoje empregam “gerentes de nomes de domínio globais” apenas para cuidar de assuntos que envolvem registro de marca online e offline.

Mídias Sociais

Assim como os domínios, o nome de usuário nas mídias sociais também operam de acordo com o primeiro a registrar é proprietário, causando a mesma confusão.

Quando Donald Trump venceu as eleições em 2016, Mike Pence foi eleito vice-presidente. Outro “vencedor” foi um senhor da Flórida – ele se descreve como um “desenvolvedor de software, vovô e amante da natureza”. Não possui envolvimento com política e opera a conta @mikepence no Twitter.

Oi, eu sou Mike Pence. Não, não aquele. @mikepence

Um caso igualmente interessante é o do co-fundador do Twitter, Jack Dorsey que não é proprietário de @jackdorsey no Twitter. Se o CEO do Twitter não possui seu usuário no Twitter, que esperança nos resta?

O futuro do .com

Para amenizar esses desafios, grandes empresas começaram a investir em soluções paralelas. Novas extensões de domínio como .co .io .inf e .net mostraram um bom desempenho em vendas, enquanto outras como .rodeo e .club ainda estão tentando encontrar seu espaço.

Em 2014, a Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) – responsável por supervisionar o DNS primário e a regulação de IP da internet, introduziu uma série de novos nomes de domínio de nível superior (gTLDs). Isso adicionou mais opções. Nesse mesmo período a ICANN viu mais de 600 marcas gastarem mais de US $ 100 milhões em taxas de inscrição para extensões de nomes de domínio relacionados à marca. Nike agora possui .nike, McDonald’s possui .mcdonalds e BMW é proprietária da .bmw

Aplicações para novos gTLDs já fecharam, mas não deve demorar muito até que a ICANN abra novamente. Nos próximos anos, vamos ver o quanto essa mudança de fato impactou o mercado, na medida que as marcas passam a usar suas extensões.

Enquanto isso, as pessoas continuarão a contactar Minecraft Austrália para o suporte ao jogo e marcar @mikepence em suas discussões políticas.

fonte: https://www.oficinadanet.com.br/post/19346-os-dominios-do-mundo-estao-desaparecendo-o-que-fazer-quando-todos-sumirem

Artigo enviado pelo leitor e agora colunista: Leonardo Leoncio. Diretor de Criação na Gauntē e Web Engineer com 15+ anos de experiência.